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Na tranquila aldeia de Eldermere, aninhada entre colinas verdes e densas florestas antigas, vivia uma jovem chamada Lila. Ela era conhecida por sua curiosidade sem limites e coração gentil, mas frequentemente se sentia sozinha. As outras crianças da aldeia eram amigáveis, mas não compartilhavam sua fascinação infinita pela natureza e os mistérios da floresta. Certa tarde, enquanto a luz dourada do sol filtrava através dos altos carvalhos, Lila se aventurou mais profundamente na floresta do que nunca. Ela seguiu uma trilha de cogumelos azuis cintilantes, seu brilho fraco, mas encantador. Ao passar por um tronco coberto de musgo, ouviu um estranho barulho de rustling. Surpresa, ela se virou e viu uma pequena criatura espreitando atrás de uma árvore. Era algo como nunca tinha visto antes uma criatura parecida com uma raposa, com pelagem que cintilava como prata líquida e olhos que brilhavam como o céu noturno. Sua longa cauda penas tremulava nervosamente enquanto a estudava.
Olá, Lila disse suavemente, agachando se. A criatura hesitou, mas não fugiu. Em vez disso, inclinou a cabeça, como se estivesse considerando suas palavras. Então, com uma voz que soava como o sussurro das folhas, falou. Você não tem medo? Os olhos de Lila se ampliaram. Você pode falar? A criatura acenou. Sim. Eu sou chamado Solas. O coração de Lila pulsava de emoção.
Ela sempre sonhara em encontrar algo mágico. Eu sou Lila. O que você está fazendo aqui sozinho? Solas hesitou antes de responder. Eu estive me escondendo. Os aldeões temem me. Eles dizem que sou amaldiçoado, que trago infortúnio. Lila franziu a testa. Isso não é justo. Só porque você é diferente não significa que você é ruim.
Solas pareceu relaxar um pouco, sua pelagem prateada ondulando enquanto suspirava. Você é gentil, Lila. A partir daquele momento, uma amizade inesperada floresceu. Todos os dias, Lila escapava para a floresta para encontrar Solas. Ele lhe mostrava maravilhas ocultas flores que zumbiam ao serem tocadas, riachos que brilhavam com pequenas estrelas e árvores que sussurravam histórias esquecidas. Em troca, Lila contava a ele sobre a aldeia, sobre como as pessoas podiam ser gentis, mas também tinham medo do que não entendiam. Um dia, enquanto exploravam um bosque de samambaias brilhantes, um profundo estrondo sacudiu o chão. Os pássaros gritaram e voaram enquanto uma névoa negra espessa se arrastava pelas árvores. As orelhas de Solas se achatavam.
A Besta das Sombras, ele sussurrou. A respiração de Lila ficou presa em sua garganta. Ela tinha ouvido os anciãos da aldeia falarem sobre isso uma força sombria que emergia a cada cem anos para consumir a terra em desespero. Precisamos avisar a aldeia! Lila disse. Solas hesitou. Eles não vão me escutar. Então eu os farei ouvir, Lila declarou. Mão na pata, eles correram de volta para Eldermere.
Ao chegarem, aldeões apavorados se reuniram na praça, apontando para a escuridão que se aproximava. Está vindo! alguém gritou. Lila deu um passo à frente. Escutem! Solas sabe como parar isso! Os aldeões murmuraram, seus olhos se voltando para a criatura prateada ao seu lado. Alguns pareciam assustados, outros céticos. Um ancião deu um passo à frente. Aquela criatura é a amaldiçoada! Ela trará ruína! Não! Lila gritou. Solas é meu amigo, e ele quer ajudar! O chão tremeu novamente.
A Besta das Sombras se aproximava da borda da floresta, sua forma torcendo se como fumaça, seus olhos vermelhos brilhantes fixados na aldeia. Solas respirou fundo. Há um jeito. A Besta das Sombras se alimenta do medo. Mas se nos unirmos, se não cedermos ao nosso terror, ela perderá seu poder. Os aldeões trocaram olhares inseguros. Por favor, Lila implorou. Acreditem nele.
Após uma longa pausa, o líder da aldeia acenou. Vamos tentar. À medida que a besta se aproximava, os aldeões permaneceram firmes. Eles se deram as mãos, seus rostos cheios de determinação. Lila e Solas foram para a frente. Solas levantou a cauda, e uma suave luz prateada se espalhou de sua pelagem. Ela envolveu os aldeões como um escudo. A Besta das Sombras rugiu, girando desenfreadamente enquanto tentava romper.
Mas as pessoas não correram. Elas não gritaram. Elas enfrentaram seu medo juntas. Lentamente, a escuridão começou a encolher. Os olhos vermelhos piscavam, então desapareceram. Com um último uivo desesperado, a Besta das Sombras se desfez em nada. O sol rompeu as nuvens, banhando a aldeia com luz quente. Um grito de alegria surgiu da multidão.
Você nos salvou, disse o ancião, olhando para Solas com um novo respeito. Lila sorriu. Nós nos salvamos. Daquela dia em diante, Solas não era mais um pária. Os aldeões o acolheram, e ele se tornou um guardião de Eldermere, assegurando que a Besta das Sombras nunca mais retornasse. Lila e Solas permaneceram os melhores amigos, seu laço mais forte do que nunca. E a aldeia aprendeu uma valiosa lição que o medo poderia ser conquistado não com espadas ou raiva, mas com confiança, unidade e a coragem de abraçar o que é diferente. E assim, no coração de Eldermere, onde a raposa prateada e a garota destemida uma vez ficaram lado a lado, uma nova lenda nasceu uma de amizade, coragem e a magia da compreensão.