O Guardião do Reinado Oculto
Amelia sentou se no velho balanço de seu quintal, os pés mal tocando a grama alta abaixo dela. Ela olhou para o céu da noite, pintado com tons de rosa e laranja, ponderando sobre os eventos peculiares do dia. Mais cedo, enquanto explorava a antiga floresta atrás da casa de sua avó, ela havia se deparado com um lago cintilante que nunca tinha visto antes. A água brilhava de uma forma incomum, convidando a a se aproximar. Havia algo mágico nisso, algo que a fazia sentir se ao mesmo tempo animada e inquieta.
"Amelia! O jantar está pronto!" gritou sua avó da casa.
"Já vou!" respondeu, pulando do balanço.
Na mesa do jantar, sua avó a observou pensativa. "Você parece quieta esta noite. Está tudo bem?"
Amelia hesitou. "Vovó, você já notou um lago estranho na floresta? Um que brilha?"
Os olhos de sua avó se arregalaram ligeiramente antes de ela se recompor. "A floresta está cheia de maravilhas, querida. Apenas tenha cuidado para não se afastar demais."
Amelia assentiu, percebendo que sua avó estava escondendo algo. Naquela noite, não conseguiu se livrar da sensação de que o lago era mais do que parecia.
No dia seguinte, a curiosidade a dominou. Armada com uma mochila contendo uma lanterna, um caderno e alguns sanduíches, ela se aventurou de volta à floresta. O caminho parecia guiá la, como se as árvores estivessem apontando na direção certa. Quando chegou ao lago, ele era tão hipnotizante quanto antes.
Enquanto se aproximava da beira da água, uma voz suave sussurrou "Bem vinda, Amelia."
Ela deu um salto para trás, olhando ao redor. "Quem disse isso?"
"Eu disse," respondeu a voz.
Diante de seus olhos, a água cintilante começou a ondular, e de suas profundezas emergiu um magnífico unicórnio. Sua pelagem branca prateada brilhava, e seu chifre espiralado reluzia como um farol.
O queixo de Amelia caiu. "Um... um unicórnio?"
A criatura inclinou a cabeça. "Eu sou Lumina. Estávamos esperando por você."
Ela piscou, tentando processar o que estava acontecendo. "Esperando por mim? Mas como você sabe meu nome?"
"Há muito que você não sabe sobre sua herança," disse Lumina suavemente. "Sua avó foi uma vez a Guardiã do Reinado Oculto, uma ponte entre nosso mundo e o seu. Agora, é a sua vez."
"Reinado Oculto? Guardião? Deve haver algum engano," balbuciou Amelia.
Lumina avançou. "Não há engano. Nosso mundo está em grave perigo, e somente você pode nos ajudar."
Apesar de sua descrença, Amelia sentiu uma estranha conexão com Lumina. "Que tipo de perigo?"
"O equilíbrio da magia está se desequilibrando. Um dragão antigo chamado Zephyr caiu sob um feitiço obscuro e ameaça consumir toda a magia em nosso reino. Se ele tiver sucesso, ambos os nossos mundos sofrerão."
Amelia respirou fundo. "Mas eu sou apenas uma garota. O que eu posso fazer?"
"Coragem não é a ausência de medo, mas a vontade de enfrentá lo," disse Lumina. "Venha comigo. O tempo é essencial."
Ela olhou de volta para a casa da avó e, em seguida, para Lumina. Tomando uma decisão, assentiu. "Certo. Vou ajudar."
Lumina sorriu. "Suba nas minhas costas. Segure se firme."
Enquanto Amelia se acomodava nas costas de Lumina, o unicórnio saltou para o lago. Em vez de se molhar, elas atravessaram a superfície como se fosse um portal. Do outro lado havia uma paisagem de tirar o fôlego, cheia de criaturas que ela só havia lido em contos de fadas centauros, fadas e até mesmo sereias em lagos cristalinos.
"Bem vinda ao Reinado Oculto," anunciou Lumina.
Amelia admirou as vistas, mas foi rapidamente lembrada de sua missão quando o céu escureceu. Trovões rumbled, e um vento forte varreu a terra.
"Ele está se tornando mais forte," disse Lumina com gravidade. "Precisamos nos apressar."
Elas correram pelos campos abertos em direção às montanhas onde Zephyr residia. No caminho, foram acompanhadas por outras criaturas míticas um valente dragão jovem chamado Ember, um sábio centauro idoso chamado Orion e Seraphina, uma sereia com o dom da clarividência.
No pé da montanha, o grupo parou. "Aqui é o mais longe que podemos ir," disse Orion. "A toca de Zephyr está no pico."
Amelia olhou para a montanha imponente. O medo apertou seu coração. "Eu tenho que escalar isso sozinha?"
Ember avançou. "Eu irei com você. Minhas chamas podem ser úteis."
Ela sorriu com gratidão. "Obrigada."
Lumina tocou seu ombro com seu chifre. "Lembre se, a magia deste reino responde à coragem e à bondade. Confie em si mesma."
Com Ember ao seu lado, Amelia começou a subida. O caminho era íngreme e traiçoeiro. À medida que subiam, o ar ficava mais frio e o céu mais escuro. Ember usou seu hálito flamejante para iluminar o caminho, mas até mesmo suas chamas tremeluziam de forma ominosa.
De repente, sombras emergiram das rochas criaturas distorcidas por magia negra. Elas atacaram Amelia e Ember.
"Fiquem longe!" rugiu Ember, liberando uma torrente de fogo.
Amelia lembrou se das palavras de Lumina. Reunindo toda a sua coragem, ela enfrentou as sombras. "Vocês não precisam servir à escuridão! Quebrem os grilhões!"
Por um momento, as criaturas hesitaram, suas formas tremeluziam. Aproveitando a oportunidade, ela e Ember seguiram em frente.
Finalmente, chegaram ao cume. Lá, no topo de uma plataforma, estava Zephyr um colossal dragão com escamas tão negras quanto a noite e olhos brilhando em vermelho. Energia sombria girava ao seu redor.
"Quem está aí?" a voz de Zephyr ecoou.
Reunindo sua coragem, Amelia deu um passo à frente. "Zephyr, por favor, pare! Você está ferindo o reino!"
Ele bufou. "Uma mera humana se atreve a me comandar?"
"Não estou comandando você," disse ela suavemente. "Estou pedindo. Esta escuridão não é sua verdadeira natureza."
Ele riu amargamente. "O que você sabe sobre minha natureza?"
Ember se posicionou ao lado dela. "Este não é você, Zephyr. Lembre se de quem você é!"
Zephyr hesitou, seus olhos tremeluziam para o verde esmeralda normal antes de reverter ao vermelho. "Silêncio! O poder da escuridão é incomparável!"
Amelia percebeu que apenas a razão não romperia o feitiço. Ela se lembrou de uma canção que sua avó costumava cantar, uma melodia que sempre a trazia conforto. Respirando fundo, ela começou a cantar.
As notas flutuaram pelo ar, puras e sinceras. Enquanto ela cantava, as nuvens escuras começaram a se dissipar. A energia giratória ao redor de Zephyr desacelerou.
"O que... o que é isso?" murmurou Zephyr.
"É a Canção da Luz," disse Amelia suavemente entre os versos. "Deixe a guiá lo de volta."
Zephyr rugiu, mas era um rugido de dor e conflito. A escuridão ao seu redor se contorcia como se estivesse em agonia.
Ember adicionou sua própria voz, um zumbido ressonante que harmonizava com a canção de Amelia. Juntos, sua música perfurou o véu da escuridão.
"Não! Não serei controlado!" rugiu Zephyr.
"Você não está sendo controlado," insistiu Amelia. "Você está sendo libertado!"
Com um rugido final e estrondoso, Zephyr liberou uma explosão de energia. Amelia e Ember protegeram os olhos. Quando a luz desapareceu, Zephyr estava diante deles, suas escamas agora de um dourado cintilante, seus olhos claros e sábios.
Ele inclinou sua grande cabeça. "Obrigado. Você quebrou o feitiço que me prendia."
Alívio inundou Amelia. "Nós conseguimos!"
Ember a cutucou de maneira brincalhona. "Eu sabia que você tinha isso dentro de você."
Zephyr levantou a cabeça. "Devo a você uma dívida de gratidão. Você salvou não só a mim, mas todo o reino."
Amelia sorriu. "Eu não poderia ter feito isso sem meus amigos."
De volta ao pé da montanha, Lumina, Orion e Seraphina aguardavam seu retorno. Aplausos explodiram enquanto Amelia e Ember desciam triunfantes, com Zephyr sobrevoando acima deles.
"O equilíbrio foi restaurado," declarou Seraphina, seus olhos brilhando.
Lumina se aproximou de Amelia. "Você provou ser digna, Guardiã."
Amelia inclinou a cabeça. "Mas o que significa ser a Guardiã?"
"Significa que você carrega a responsabilidade de proteger a conexão entre nossos mundos," explicou Orion. "É um papel que exige coragem, compaixão e sabedoria tudo o que você já demonstrou."
Zephyr pousou graciosamente ao lado deles. "Se algum dia você precisar de ajuda, tem aliados aqui."
Ember assentiu entusiasticamente. "Sempre estaremos aqui por você."
Amelia sentiu um calor em seu peito. "Obrigada, todos vocês. Mas há alguém com quem eu preciso falar."
Lumina assentiu, sabendo. "Vá. Ela está esperando."
De volta através do portal, Amelia se encontrou mais uma vez ao lado do lago. O sol da tarde lançava um brilho dourado sobre a floresta. Ela correu de volta para a casa da avó.
Sua avó estava sentada na varanda, tricotando. Ela olhou para cima quando Amelia se aproximou. "Então, você os conheceu."
Amelia suspirou. "Você sabia o tempo todo?"
Sua avó sorriu gentilmente. "Eu suspeitava que o momento estava próximo. Nossa família sempre teve o papel de Guardião. Eu já estive em seu lugar."
"Por que você não me contou?"
"Algumas coisas devem ser descobertas, e não contadas," ela respondeu. "Mas não poderia estar mais orgulhosa de você."
Amelia se juntou a ela nos degraus da varanda. "Foi incrível, e um pouco assustador. Eu não achava que conseguiria."
"Coragem não é não sentir medo," disse sua avó, ecoando as palavras de Lumina. "É seguir em frente apesar dele."
Elas ficaram em silêncio confortável por um momento.
"Terei que voltar?" perguntou Amelia.
"De tempos em tempos. Eles vão precisar de você, e você pode descobrir que também precisará deles."
Amelia assentiu pensativamente. "Fiz alguns bons amigos."
Sua avó acariciou sua mão. "E eles serão amigos para toda a vida, assim como os meus foram."
Nas semanas seguintes, Amelia equilibrava sua vida comum com suas novas responsabilidades. Ela visitava frequentemente o Reinado Oculto, ajudando a curar as terras marcadas pela escuridão de Zephyr e aprendendo mais sobre as maravilhas do mundo mágico. Estudou textos antigos com Orion, aprendeu canções com Seraphina e até praticou voar com Ember, embora não estivesse pronta para andar em um dragão sozinha.
Um dia, enquanto estava sentada ao lado do lago, Lumina se aproximou dela. "Você se saiu bem, Amelia. Os reinos estão florescendo mais uma vez."
"Eu não poderia ter feito isso sem a ajuda de todos," respondeu ela.
"Essa é outra lição," disse Lumina. "A força vem não apenas de dentro, mas também daqueles que escolhemos ao nosso lado."
Amelia sorriu. "Acho que agora entendo."
Enquanto o sol se punha, lançando um brilho quente sobre o lago, Amelia sentiu uma profunda sensação de realização. Ela havia crescido de maneiras que nunca imaginou, descobrindo coragem e compaixão dentro de si mesma. Ela sabia que desafios surgiriam no futuro, mas também sabia que não os enfrentaria sozinha.
"Pronta para voltar?" perguntou Lumina.
"Sim," disse Amelia, levantando se. "Mas voltarei em breve."
Ela retornou ao seu mundo, seu coração cheio de esperança e empolgação pelo que estava por vir. O ordinário e o extraordinário haviam se fundido em sua vida, ensinando lhe que mesmo uma pessoa poderia fazer uma diferença significativa.
Sua avó a cumprimentou com um sorriso compreensivo. "Outra aventura?"
"Sempre," riu Amelia.
Enquanto entravam, uma brisa suave agitava as folhas, carregando os sons suaves de risadas e o bater de asas. O Reinado Oculto não era mais um segredo, mas uma parte preciosa de sua vida um lembrete da magia que existe quando se é corajoso o suficiente para buscá la e gentil o suficiente para abraçá la.
Fim.