Era uma vez, em uma pequena vila aninhada entre colinas ondulantes e um rio cintilante, vivia uma menina curiosa e imaginativa chamada Lily. Aos dez anos, Lily era conhecida por seus cachos castanhos selvagens e olhos verdes brilhantes que pareciam sempre estar em busca da próxima aventura. Ela passava seus dias explorando os prados, coletando seixos à beira do rio e lendo todos os livros que podia encontrar sobre lugares distantes e criaturas mágicas.
Uma tarde ensolarada, enquanto vagava por um caminho que nunca tinha tomado antes, Lily se deparou com um velho carvalho retorcido, diferente de qualquer um que já tinha visto. Seus galhos se estendiam alto no céu, e seu tronco era tão largo que seriam necessárias várias pessoas de mãos dadas para envolvê lo. Intrigada, ela se aproximou da árvore e notou uma pequena porta esculpida na casca, mal visível sob um emaranhado de hera.
Incapaz de resistir à sua curiosidade, Lily empurrou a porta suavemente. Para sua surpresa, em vez de encontrar a árvore oca ou cheia de insetos, ela viu uma escada espiral que descia para a terra. Um brilho suave emanava de baixo, e ela podia ouvir o som distante de risos e música flutuando escada acima.
Respirando fundo, Lily começou sua descida. O ar ficou mais fresco à medida que ela descia, mas não estava desconfortável. Em vez disso, era revigorante, como uma brisa fria de outono. A escada terminou abruptamente, e ela se encontrou em uma vasta e encantadora floresta, diferente de qualquer uma que conhecera. As árvores eram altas e majestosas, suas folhas brilhando em tons de ouro e prata. Flores estranhas, mas bonitas, brilhavam suavemente sob a vegetação rasteira, e pequenas luzes zuniam entre os galhos acima.
"Alô?" chamou Lily timidamente.
Quase imediatamente, uma pequena criatura surgiu de trás de um cogumelo quase tão alto quanto Lily. Parecia um coelho, mas estava em pé como um humano, usava um pequeno colete e tinha óculos pousados na ponta do nariz.
"Bom dia!" disse o coelho alegremente. "Você deve ser nova por aqui."
"Onde estou?" perguntou Lily, com os olhos arregalados de maravilha.
"Ora, você está na Floresta Sussurrante, é claro!" respondeu o coelho. "Meu nome é Thistle. Bem vinda!"
Lily sorriu hesitante. "Sou Lily. Não quis incomodar, só encontrei a porta na velha árvore de carvalho."
"Ah, o portal do carvalho! Faz eras que um humano não passeava por aqui. Venha, deixe me mostrar ao que esta floresta se parece." Thistle gesticulou para ela seguir.
Enquanto caminhavam, Lily admirava os sons e visões da floresta. As folhas farfalhavam como se sussurrassem segredos. Pássaros com plumagens de todas as cores cantavam melodias que se entrelaçavam com o farfalhar das folhas. Criaturas que ela só havia lido sobre fadas, animais falantes e seres feitos de sombras e luz moviam se entre as árvores, cada uma envolvida em suas próprias atividades.
Eles chegaram a uma clareira onde um grupo de jovens criaturas algumas parecidas com humanos, outras fantásticas estava reunido ao redor de um riacho borbulhante. Eles riam e brincavam, alguns pulando pedrinhas na água, outros correndo atrás de borboletas douradas.
"Todos, esta é Lily," anunciou Thistle. "Ela está nos visitando do mundo acima."
As crianças pararam e a cumprimentaram calorosamente. Uma menina com asas de azul iridescente voou até ela. "Sou Seraphina," disse com um sorriso radiante. "Venha brincar conosco!"
Lily se sentiu um pouco tímida, mas animada. "Adoraria," respondeu.
Por horas, eles jogaram jogos diferentes de qualquer coisa que Lily já havia experimentado. Correndo nas costas de raposas ágeis através de túneis brilhantes, nadando com lontras em lagoas cristalinas e contando histórias que ganhavam vida em ilusões vívidas diante de seus olhos.
À medida que o dia avançava, Lily percebeu que não tinha ideia de como voltar para casa. Ela se aproximou de Thistle, que estava mordiscando um trevo.
"Thistle, eu tive um tempo maravilhoso, mas provavelmente deveria voltar. Meus pais vão se preocupar."
O nariz de Thistle se contorceu. "Oh, querido, o portal do carvalho fecha ao pôr do sol. E o pôr do sol aqui não é bem o mesmo que no seu mundo."
"O que você quer dizer?" perguntou Lily, seu coração começando a acelerar.
"Os ciclos aqui são... diferentes. O tempo flui de maneira única na Floresta Sussurrante. Mas não se preocupe! O portal abrirá novamente. Você só precisa esperar."
"Esperar? Por quanto tempo?"
"Bem, isso é difícil de dizer," admitiu Thistle. "Mas, enquanto isso, você pode ficar conosco!"
Sentindo uma mistura de ansiedade e excitação, Lily decidiu aproveitar ao máximo a situação. Afinal, ela sempre havia sonhado com tais aventuras.
Nos dias seguintes ou, pelo que ela supunha, dias Lily começou a se adaptar à vida na Floresta Sussurrante. Ela aprendeu que a floresta fornecia tudo o que precisavam. Frutas das árvores eram mais deliciosas do que qualquer coisa que ela já tinha provado, e fontes cristalinas ofereciam água que renovava seu espírito, assim como sua sede.
No entanto, ela também percebeu que nem tudo era perfeito. Uma manhã, ela acordou e encontrou a floresta envolta em uma pesada névoa. O habitual murmúrio alegre foi substituído por sussurros silenciosos, e as criaturas pareciam inquietas.
"O que está acontecendo?" perguntou Lily a Seraphina.
"São os Shadowlings," Seraphina sussurrou de volta. "Eles são criaturas que se alimentam do medo e da confusão. Eles fazem a névoa para fazer todos se sentirem perdidos."
"Não podemos fazer nada sobre isso?" perguntou Lily.
"Tentamos, mas eles sempre voltam. Está assim há tanto tempo quanto qualquer um pode lembrar," suspirou Seraphina.
Determinada a ajudar seus novos amigos, Lily reuniu todos na clareira. "Talvez se trabalhássemos juntos, pudéssemos encontrar uma maneira de impedir que os Shadowlings espalhassem a névoa."
Thistle balançou a cabeça. "Mas como? Eles são sombras escorregam por nossas mãos e desaparecem quando confrontados."
Lily pensou por um momento. "E se, em vez de tentar lutar contra eles, tentássemos entendê los?"
As criaturas trocaram olhares céticos.
"Confie em mim," insistiu Lily. "No meu mundo, às vezes os valentões só precisam que alguém converse com eles."
Relutantemente, o grupo concordou. Eles se aventuraram na névoa, chamando suavemente os Shadowlings. No início, não houve resposta. Então, formas tênues começaram a emergir, figuras etéreas com olhos brilhantes.
"Por que vocês espalham a névoa?" perguntou Lily suavemente.
Um Shadowling deslizou para frente. "Nós somos sombras é nossa natureza obscurecer e confundir," sussurrou.
"Mas por quê?" Lily insistiu. "Há algo que você quer ou precisa?"
Os Shadowlings murmuraram entre si. Finalmente, um falou. "Somos fragmentos esquecidos, resquícios lingerantes de memórias e sonhos. Não temos lugar, nenhum lar. A névoa é nosso único refúgio."
O coração de Lily se apertou por eles. "E se encontrássemos um lar para vocês? Um lugar onde possam pertencem sem causar danos?"
"Poderia haver tal lugar?" perguntou o Shadowling, seus olhos piscando com um brilho de esperança.
Lily se virou para Thistle e os outros. "Há uma parte da floresta que está desabitada, onde eles poderiam se estabelecer?"
Thistle ponderou. "Bem, há o vale além dos Picos Prateados. Está vazio porque está sempre em crepúsculo, o que se adequa à natureza dos Shadowlings."
"Então é perfeito!" exclamou Lily. "Podemos ajudá los a chegar lá."
Os Shadowlings consideraram a oferta. "Se vocês nos ajudarem, não precisaremos mais espalhar a névoa."
E assim, Lily e seus amigos guiaram os Shadowlings pela floresta. A jornada não foi fácil eles tiveram que navegar por cipós emaranhados, atravessar um rio com pedras que mudavam de posição e resolver enigmas impostos pelos antigos guardiões dos caminhos da floresta.
Em um ponto, eles chegaram a um profundo abismo sem uma aparente maneira de atravessá lo. Os Shadowlings pairavam incertos.
"Como vamos atravessar?" perguntou Seraphina em voz alta.
Lily observou os arredores e notou sementes flutuando gentilmente das árvores, levadas pelo vento através do abismo. Uma ideia surgiu.
"E se usássemos as sementes?" sugeriu. "Talvez elas possam nos carregar também."
Thistle balançou a cabeça. "Somos muito pesados para as sementes."
"Não se fizermos algo com elas," Lily contra argumentou. "Ajude me a coletar o máximo que puder!"
Eles juntaram pilhas de sementes e, usando cipós e gravetos, Lily começou a tecer as sementes em um grande tapete. Os outros seguiram seu exemplo e a ajudaram a criar o que se tornou um planador improvisado.
"Todos, segurem se firme!" instruí Lily enquanto todos subiam a bordo.
Com um salto de fé, eles lançaram o planador sobre o abismo. As sementes capturaram as correntes de ar, e eles voaram suavemente para o outro lado em meio a gritos de alegria e risadas.
Finalmente, eles chegaram ao vale além dos Picos Prateados. Era um lugar sereno banhado em crepúsculo perpétuo, com suaves tons de laranja e roxo pintando o céu.
"É lindo," um Shadowling sussurrou.
"Este pode ser seu lar," disse Lily calorosamente.
Os Shadowlings se inclinaram em gratidão. "Você nos deu um grande presente. Lembraremos de sua bondade."
Com os Shadowlings estabelecidos, a névoa levantou se da Floresta Sussurrante, e a harmonia foi restaurada. As criaturas se alegraram, e uma grande celebração foi realizada em homenagem a Lily. Canções foram cantadas, e danças foram realizadas sob o brilhante dossel de estrelas e folhas bioluminescentes.
À medida que as festividades diminuíam, o velho sábio coruja se aproximou de Lily. "Você fez muito por nosso mundo," hootou suavemente. "Mas sinto que seu coração anseia por seu próprio lar."
Lily acenou. "Sinto falta da minha família. Eles devem estar preocupados comigo."
O sábio coruja bateu seu bastão pensativamente. "O portal abrirá novamente ao amanhecer. Se você deseja retornar, deve ir logo."
Ainda que triste em despedir se, Lily sabia que tinha que ir. Seus amigos a acompanharam de volta ao pé da escada que levava à velha árvore de carvalho.
"Vou te ver de novo?" ela perguntou, com lágrimas nos olhos.
"Lembre se," disse Seraphina, "a Floresta Sussurrante está sempre aqui para aqueles que acreditam em sua mágica. Você encontrou seu caminho aqui uma vez, talvez encontre novamente."
Thistle entregou lhe uma pequena bolota esculpida com padrões intrincados. "Guarde isso com você. Isso te lembrará de nós e pode ajudar a te guiar de volta algum dia."
"Obrigada," sussurrou Lily, abraçando cada um de seus amigos.
Ela subiu os degraus e, ao sair pela porta do carvalho, os primeiros raios da alvorada estavam surgindo no horizonte. O cheiro familiar de seu mundo encheu seus sentidos. Ela se virou para olhar para a árvore, mas a porta havia desaparecido, deixando apenas casca rugosa e hera.
Correndo para casa, encontrou seus pais aflitos com preocupação.
"Onde você esteve?" sua mãe gritou, abraçando a fortemente.
"Eu... me perdi explorando," respondeu Lily, decidindo manter a Floresta Sussurrante como seu segredo especial por enquanto.
À medida que os dias se transformaram em semanas, Lily muitas vezes pensava em seus amigos e nas incríveis aventuras que compartilharam. Ela se sentiu mais confiante, criativa e compassiva. Começou um jardim para atrair borboletas, compartilhou histórias com outras crianças e procurou maneiras de ajudar aqueles ao seu redor, assim como ajudou os Shadowlings.
Uma noite, enquanto se sentava sob as estrelas, segurou a bolota esculpida que Thistle havia dado a ela. Ela brilhava suavemente em sua palma.
"Vou te ver de novo," ela sussurrou.
Uma brisa suave farfalhou as folhas acima, e por um momento, ela achou que ouviu o som distante de risos e música de um lugar não tão longe.
Lily sorriu, sabendo que, embora a Floresta Sussurrante pudesse estar escondida da vista, nunca estaria longe de seu coração.
Fim